Desmistificação da simplicidade das tecnologias leves no processo de trabalho em medicina de família e comunidade

Autores

  • Luiz Felipe Oliveira Santos
  • Maria Luiza Vale de Almeida Sebastião
  • Renata Oliveira Melhem Franco
  • Melina Lisboa Martins
  • Carolina de Paula Orioli da Silva
  • Edsneider Rocha Pires de Souza

Palavras-chave:

Atenção Primária à Saúde, Tecnologias em saúde, Sistema Único de Saúde

Resumo

A Medicina de Família e Comunidade é a especialidade que, partindo de um primeiro contato, cuida de forma longitudinal, integral e coordenada da saúde das pessoas. O profissional que a ela se dedica tem a seu dispor ferramentas e tecnologias que, bem empregadas, contribuem para a qualidade do seu processo de trabalho e para a resolutividade da atenção à saúde. As tecnologias em saúde são classificadas em tecnologia dura, relacionada a equipamentos tecnológicos; leve-dura, que compreende todos os saberes bem estruturados no processo de saúde; e leve, que se refere às tecnologias de relações, de produção de comunicação, de acolhimento e de vínculos. As tecnologias leves são as que possibilitam captar a singularidade, o contexto, o universo cultural, os modos específicos de viver determinadas situações por parte do usuário, enriquecendo e ampliando o raciocínio clínico do médico. É nesse território – das relações, do encontro, de trabalho vivo em ato – que o usuário tem maiores possibilidades de atuar e de interagir. Contudo, no contexto social e político brasileiro, predomina ainda a ideologia hospitalocêntrica, que sustentada por crenças e valores propagados pelo capitalismo, enfatizam a tecnologia dura. A valorização excessiva das tecnologias duras revela o domínio do modelo ontológico que não inclui à atenção as emoções. A atenção médica com foco na estrutura física busca o diagnóstico através do rastreamento de doenças. Neste contexto, tornase um desafio ao Médico de Família e Comunidade usar as tecnologias leves, desvalorizada por muitos especialistas, para os quais sua utilização exige pouco conhecimento do profissional haja vista que raramente contribuem para construção de diagnóstico e elaboração de planos terapêuticos. No entanto, ao sistematizar as tecnologias relacionais no cotidiano do processo de trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS), o profissional contribui para o processo produtivo marcado pelo trabalho vivo que ocorre na interação médico-paciente, contribuindo para estabelecimento de vínculos e responsabilizações entre ambos. Após este vínculo, o sucesso terapêutico pode ser alcançado mais facilmente, colaborando para a resolutividade de atenção prestada, que na APS atinge aproximadamente 80% das demandas dos usuários. Assim, sem desmerecer as tecnologias chamadas leve-dura e dura, torna-se imprescindível valorizar a utilização das tecnologias leves no processo de trabalho médico, compreendo-as como recursos capazes de contribuir para a resolutividade da atenção, desonerando assim o Sistema Único de Saúde e desafogando a Rede de Urgência e Emergência.

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Referências

Garuzi M, Achitti COM, Sato CA, Rocha AS, Spagnuolo RS. Acolhimento na Estratégia Saúde da Família: revisão integrativa. Rev Panam Salud Publica.

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Oliva RDR. O desafio em priorizar as tecnologias leves na Estratégia de Saúde da Família. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia). Especialização em

Atenção Básica em Saúde da Família). UFMG, 2012.

Silva DC, Alvim NAT, Figueiredo PA. Tecnologias leves em saúde e sua relação com o cuidado de enfermagem hospitalar. Rev Enferm Esc Ana Nery.

;12(2):291-8.

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Publicado

2017-08-31

Como Citar

Santos, L. F. O., Sebastião, M. L. V. de A., Franco, R. O. M., Martins, M. L., da Silva, C. de P. O., & de Souza, E. R. P. (2017). Desmistificação da simplicidade das tecnologias leves no processo de trabalho em medicina de família e comunidade. Revista De Saúde, 8(1 S1), 123–124. Recuperado de http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/RS/article/view/1074

Edição

Seção

Resumo - Suplemento