A psicanálise em um Batalhão de Polícia Militar: algumas reflexões acerca de um trabalho de pesquisa em psicanálise

Autores

  • Fernanda Cabral Samico

DOI:

https://doi.org/10.21727/rm.v5i2.189

Palavras-chave:

Psicanálise. Ética. Polícia.

Resumo

Este trabalho visa pensar a clínica psicanalítica, suas possibilidades e limites em um campo tão particular como o do 10° Batalhão de Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (10°BPMRJ). Nossa atuação neste espaço parte da aposta que, ao possibilitarmos a entrada da psicanálise e sua atuação na contramão do apagamento subjetivo que a identificação com a farda promove, permitimos que nós atuemos como promotores de implicações subjetivas e possibilitamos o surgimento de um campo onde os afetos possam ser acolhidos. Faz-se necessário reconhecer a importância da prática da psicanálise em um contexto cuja imposição de uma obediência sem questionamento, aliada à sobrecarga de trabalho e situações de risco e estresse, leva ao adoecimento e à passagens ao ato de grande gravidade. A aposta ética no sujeito do inconsciente e na psicanálise como dispositivo são os pontos norteadores de nossa atuação. É preciso, portanto, pensar a criação de uma prática construída a partir da especificidade de um campo como o 10° BPMRJ, para que, a partir da aplicação da psicanálise e seu dispositivo, possa-se acolher e fazer falar o próprio de cada um em detrimento do adoecimento que a identificação com a farda promove em alguns policiais.

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Publicado

10/03/2016

Edição

Seção

Dossiê Temático: Gênero e identidade no século XXI